24 maio 2013

Afectos


Reflexões de duas personagens: 

Na história de Carla Aducci, Zé Nego é a saudade escondida de Dita. O seu cheiro na roupa a veste também. "Quem é que sabe não confundir as vestes? Quem é? Quem é?", ela se pergunta.
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No diário de Túlio Carella, King Kong é "um exemplar de proporções surpreendentemente galhardas e os exercícios corporais completaram a harmonia que emana da sua carne com fluido misterioso. Tudo nele se combina com graça e vigor: a cabeça sustentada por um robusto pescoço, os ombros largos e a pélvis estreita; a pele dourada, o cabelo louro e crespo constituem outros detalhes assombrosos". Tem "tórax de centauro" e "uma mão grande, sadia, de homem trabalhador; a palma muito larga". Sorrindo, "mostra uma dentadura impecável". "Sua voz é a única coisa que parece destoar do conjunto de perfeições (...), parecendo pertencer a outra pessoa". 
Depois de algumas vivências junto a esse homem, o autor reflete: "Em algumas ocasiões já me caiu das mãos algum objeto de vidro que, ao espatifar-se contra o solo, quebrou-se em mil pedaços, ficando quase irreconhecível, irreparável. Mais ou menos isto que me acontece quando olho para King Kong. Era de vidro".